segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Simulacro do Poder

Esse é um livro que eu gostei muito e já tava mais do que na hora de comentar sobre ele. Marilena Chauí é uma filósofa e historiadora brasileira, nascida em 1941, que escreveu livros de cunho variado e essencialmente bons - na minha opinião. Não achei declarações sobre o fato dela ser marxista, mas pelo conteúdo e visão dos livros ela realmente deve ser. Eu não divido da opinião, porém não deixo de aproveitar a perspectiva dela e refletir sobre suas propostas. "Simulacro do Poder" é um dos últimos livros dela; eu li esse, 'O que é Ideologia?' e 'Introdução à História da Filosofia' vol. 1, ainda gosto mais do primeiro. Bom, então fale-mos dele! Como está escrito na capa o livro tem como objetivo fazer uma análise da mídia, apontando os usos ideológicos que o poder adotou através dela. O livro está dividido em: Simulacro e Poder: uma análise da mídia; I. Destruição da esfera da opinião pública; II. Encenação: a produção do simulacro; III. Entretenimento; IV. Destruição da autonomia do pensamento e das artes: indústria cultural; V. A condição pós-moderna; VI. Os meios de comunicação; VII. A informática e o sistema multimídia; VIII. A questão central: os meios de comunicação como poder; Anexo I. Passeio pelo país das palavras; II. Breve referência às primeiras teorias do conhecimento; Direitos humanos e medo; Democracia e autoritarismo: o mito da não-violência. Por fim, deixo aqui um trecho da parte VIII: "[...] é preciso compreender o que torna possível essa intimidação e a eficácia da operação dos especialistas. O que as possibilita é, de um lado, a presença cotidiana (explícita ou difusa), em todas as esferas de nossa existência, da competência como forma que confere sentido racional às divisões, assimetrias, desigualdades e hierarquias sociais - em suma, a interiorização da ideologia pela sociedade; e, de outro, sua manifestação reiterada e perfeita na estrutura dos meios de comunicação, que, por meio do aparato tecnológico, da atopia e da acronia, e dos procedimentos de encenação e de persuasão, aparecem com a capacidade mágica de fazer acontecer o mundo. Ora, essa capacidade é a competência suprema, a forma máxima do poder: o de criar a realidade. E esse poder é ainda maior (igualando-se ao divino) quando, graças a instrumentos técnico-científicos, essa realidade é virtual ou a virtualidade é real. O poder ideológico-político se realiza como produção de simulacros" (p.78).

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