sexta-feira, 7 de setembro de 2012

A Mística Feminina

Esse livro ainda não achei pra vender e estou lendo-o em pdf. Ele faz parte de 3 livros feministas que eu considero essenciais pra, no mínimo, saber-se a trajetória do que é ser mulher ao longo do século XX. Por mais que 'A mística feminina' foque nos Estados Unidos, principalmente nas décadas de 50 e 60, eu acredito que muito do que lá se fez necessário para as mulheres não deixou de fazer parte daqui e de outras partes do mundo, mesmo que parcialmente. Os três livros a que me refiro são: 'A mística feminina' de Betty Friedan; 'O segundo sexo' de Simone de Beauvoir; e 'O mito da beleza' de Naomi Wolf. Assim, eu não sei até que ponto é necessário se autointitular 'feminista', porque eu acredito que com o mínimo de consciência das últimas construções históricas com relação à mulher é impossível não se indignar com o grau das diferenças, o propositismo das mesmas e não querer, pelo menos, fazer alguma transformação na sua própria forma de ser. Que mulher não se irritou uma vez se quer com as restrições sexuais? 'Você não pode brincar de carrinho!' ou 'O rosa ficaria melhor em você', ou mesmo o pensamento de que as mulheres são incapazes de pensar racionalmente, que o seu papel é sentir - uma vez que biologicamente elas são mais propensas às emoções e a balela materna. Bom, eu te digo que tudo isso se prova muitíssimo errôneo uma vez que você se despregue dessa construção ideológica. Betty Friedan nasceu em 1921 e morreu recentemente em 2006. Seu livro da 'Mística feminina' trabalha a trajetória das ideias da década de 20 até a de 60, também foi esse livro que, senão totalmente pelo menos em grande parte, impulsionou a revolta americana em 70. Os capítulos são: I.O problema sem nome (anomia); II. A heroína doméstica; III. A crise de identidade da mulher; IV. A vibrante jornada; V. O solipsismo sexual de Sigmund Freud; VI. O congelamento funcional - o protesto feminino e Margaret Mead; VII. A educação orientada para o sexo; VIII. A escolha errônea; IX. Sexo e comércio; X. Expande-se a função doméstica para preencher tempo livre; XI. Em busca do sexo; XII. Crescente desumanização: um confortável campo de concentração; XIII. A personalidade desperdiçada; XIV. Um novo plano de vida para a mulher. Eu estou no capítulo VIII e gostando muito desse livro, de verdade. O caminho que ela fez até agora foi esse: apresentar o problema de identidade das mulheres nas décadas de 50/60, voltar pro final do século XIX onde a mulher começou a ter relativa autonomia e procurar exatamente o motivo, através de seus estudos e entrevistas, do porquê da mulher ter ido da relativa autonomia para a prisão do lar, para a função de doméstica. Bem, é isso. Eu vou citar uma parte aqui pra encerrar porque achei bastante interessante: "Uma vez que os discípulos de Freud só consideravam a mulher segundo a imagem por ele traçada - ser inferior, infantil, desamparado, incapaz de ser feliz, exceto quando ajustada ao papel de objeto passivo do homem - desejavam ajudá-la a libertar-se da inveja reprimida e do desejo neurótico de igualdade. Queriam levá-la a encontrar satisfação sexual como mulher confirmando sua natural inferioridade" (FRIEDAN, Betty, 1963, p. 105).

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