terça-feira, 10 de setembro de 2013

Cérebro azul ou rosa

"Colocando de uma forma simples, o seu cérebro é o que você faz com ele. Cada tarefa que realiza - ler, correr, rir, calcular, debater, assistir à TV, dobrar a roupa lavada, cortar a grama, cantar, chorar, beijar, e assim por diante - reforça circuitos cerebrais ativos à custa de outros inativos. Aprender e praticar cria redes neurais no cérebro humano e, considerando as maneiras muito diferentes de meninos e meninas passarem o tempo enquanto estão crescendo, assim como a força especial das experiências iniciais na moldagem das conexões neuronais, seria chocante se os cérebros dos dois sexos não funcionassem diferentemente na idade adulta" - Lise Eliot.
O livro em questão é de Lise Eliot, neurocientista da Universidade de Medicina e Ciência Franklin Rosalind, em Chicago, nos Estados Unidos, e seu nome completo é Cérebro rosa ou azul - o impacto das diferenças de gênero na educação, lançado em 2009. A autora possui outro livro sobre o tema, explorando crianças até 5 anos de idade, mas que não há para vender no Brasil ainda. Cérebro azul ou rosa foca na educação por ser o meio normalmente decisivo das mudanças cognitivas das crianças, que vão resultar em casos mais ou menos específicos na maturidade. O que eu quero dizer é que: a autora afirma que há diferenças entre os sexos. Mas, a diferença biológica é praticamente nula ou, pelo menos, não é determinante. Não é ela que gera os estereótipos, digamos assim. O que os gera são os papéis culturais que, não questionados e transmitidos pela educação, cristalizam tais modus operandi. O que acontece é que os estereótipos se tornam reais através do estímulo de certas áreas do cérebro, que tornam realmente um homem adulto com maior aptidão para matemática, por exemplo, e uma mulher adulta com maior aptidão para a comunicação falada. Essas diferenças são recortes feitos e mantidos por nós. A natureza e o meio estão sempre se entrelaçando e, o pouco que a natureza determina pode ser moldado pelo meio e de formas conclusivas. Eu li somente a Introdução do livro, cerca de 30 páginas até agora, porém esse é um assunto que muito me interessa e que acho importante passar pra frente. Nos próximos capítulos a autora explora os esquemas cognitivos com participação social e ajuda a pensar um pouco como diminuir a diferença tão grande de papéis que hoje existem entre nós e afetam não só ambos os sexos separados como todos aqueles que não se ajustam a eles. Mais um trecho para encerrarmos e que vocês fiquem pensando sobre o tema!: "E tudo isso é alimentado pelo marketing maciço de rosa-versus-azul [...] de bonecas com cinturas cada vez mais fina e figuras de ação com ombros cada vez mais largos. Embora alguns pais ainda lutem corajosamente para não estereotipificar, a cultura mais ampla o faz violentamente. No mundo hipercomercial de hoje, que nicho é mais fácil de explorar do que o masculino ou o feminino? Agora temos revistas, filmes e redes inteiras de TV dedicadas exclusivamente a homens ou mulheres, fatiando a cultura em pedaços cada vez mais segregados pelo gênero. E as crianças, nossos consumidores mais inocentes, os devoram. Elas têm milhares de programas de TV, DVDs e sites - uma doutrinação interessante, muito antes de ingressarem no jardim de infância, sobre o mundo dos garotos corajosos e atrevidos e o das garotas engraçadinhas e manhosas".

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